Nessas últimas semanas tenho visto no Instagram um movimento (que começou no Twitter) de pessoas pretas denunciando a maneira como o algoritmo da rede funciona.
A reclamação é que o algoritmo privilegia fotos de pessoas brancas, independente do conteúdo. Para comprovar esse argumento, alguns influencers pretos postaram fotos de pessoas brancas nos seus feeds e tiveram um aumento exponencial de visualizações, o que comprova a tese do algoritmo racista. Como mulher preta, me identifico com os protestos e sinto o que já havia sentido bem antes do assunto vir à tona ou de qualquer comprovação. Todo preto que já tenha olhado pra o racismo sente também: teríamos mais sucesso se fossemos brancos.
E sem desmerecer em nada a necessidade urgente de mudar a realidade racista estrutural no Brasil, penso que todo gay também sente que se fosse hétero, sua vida teria sido mais fácil… Pessoas gordas sabem que seriam ‘toleradas’ se fossem magras. Homens com pênis de tamanho normal sabem que poderiam ter a masculinidade reforçada se tivessem um órgão maior. Pessoas baixinhas, querem ser altas. As altas querem ser mais baixas. As de tamanho médio, “normal”, estão preocupadas com outros padrões… Sim, porque queremos caber em todos e alcançar esse nível de ser humano “superior”! Narizes, bocas, seios, bundas, barrigas… necessidades físicas, emocionais, psicológicas, espirituais… Meu Deus, existe um padrão IMPRATICÁVEL para tudo! Como se não bastasse acreditarmos que é possível todos os seres humanos, variáveis por natureza, caberem em padrões, ainda fazemos desse padrão algo IMPOSSÍVEL PARA QUALQUER UM DE NÓS.
Se sabemos por experiência que encaixar a vida e a nós mesmos em moldes “perfeitos” é impossível, por que ainda estamos tentando fazer isso a todo custo na vida e nas redes sociais? Por que nos esforçamos tanto para parecer o que não somos? Por que temos tanta VERGONHA DE SER QUEM SOMOS? Será que realmente acreditamos que somos a imagem e semelhança de Deus? Porque, na verdade, agimos como se Deus tivesse errado bem feio!
Perdi as contas do quanto me senti envergonhada e inadequada por não estar nos padrões para meninas na minha época (e ainda hoje).
Cada nota menor do que 10. Cada vez que tinha que subir na balança e ter meu peso, consideravelmente superior ao das outras meninas, revelado a toda classe. Cada pecado condenado raivosamente por “Jesus”. Cada olhar de rejeição e nojo lançado para minhas curiosidades sexuais. Cada desaprovação por “agir feito criança” (como se eu não fosse uma). Cada exigência dirigida a mim, me fazendo engolir minhas próprias necessidades…
Toda vez que acreditamos que fizemos menos, quando fizemos o máximo que podíamos… Sempre que usamos a vergonha para educar nossas crianças… Toda vez que tentamos desesperadamente caber em um padrão… Toda vez que achamos insanamente que os outros também têm que caber nesses padrões… Reforçamos a inadequação de quem somos. Minguamos nossa esperança e drenamos nossa energia para a vida e nossa capacidade divina de sermos senhores dela.
Racismo, feminicídio, homofobia, gordofobia, suicídios, genocídios, abusos, abandonos, guerras, fome, vícios, depressão profunda, pânico, rejeição… anomalias sociais, emocionais e psicológicas têm uma raiz comum: a exclusão/segregação da natureza divina que habita em cada um de nós. Pensemos sobre isso.
Silvia Costa
Constelação Familiar
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