No domingo (20/11) o Catar abriu oficialmente suas portas ao mundo durante a cerimônia de abertura da copa. Não foi poupado nenhum _rial catarense_ para exibirem seu poder econômico durante as atrações. Segundo levantamento da _Global Finance_ este ano, o Catar é o quarto país mais rico do mundo.
Todavia, por trás de todo luxo e esplendor apresentado durante a transmissão de abertura existe uma trama do mais alto nível de sujeira e corrupção. O país e o próprio evento em si têm estado no centro de diversas polêmicas que repercutem na impressa de todo o mundo. É disso que iremos tratar aqui.
A melhor forma de contar essa história claro, é voltando no tempo, há exatos 12 anos atrás. Em dezembro de 2010, o comitê executivo da FIFA anuncia a Rússia como sede da Copa do Mundo de 2018 e Catar como sede em 2022. Está seria a primeira vez na história em que uma Copa do Mundo seria realizada em um país do oriente médio. A decisão da FIFA foi recebida com surpresa pelos fãs de futebol, mas até então nada fora do comum.
Avançando um pouco nossa linha do tempo, agora estamos no ano de 2013, três anos após o anúncio do Catar como sede da Copa. Uma das principais publicações esportivas do mundo, a revista francesa _France Football_ publicou um dossiê de 20 páginas com supostas provas de que o Catar COMPROU os votos para sediar a copa de 2022 e a FIFA e as federações de futebol da França e dos Emirados Árabes Unidos foram cúmplices da corrupção. O ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também estaria envolvido no caso de compra de votos. Segundo a publicação, a CBF recebeu US$ 7 milhões por um amistoso contra a Argentina em 2010, US$ 5,8 milhões a mais que o de costume. Ex-membro do Comitê Executivo da FIFA, Teixeira era uma das 24 pessoas responsáveis pela escolha da sede do Mundial. O suborno foi confirmado no ano seguinte por uma ex-assessora da equipe do Catar, Phaedra Almajid que diz ter presenciado as negociações em uma suíte de hotel. A mulher se encontra hoje sob proteção do FBI devido a constantes ameaças de retaliação que vinha sofrendo. Apesar do escândalo vir a tona, as partes envolvidas negaram todos os fatos e todo o esquema foi colocado 'para baixo do tapete'.
Agora estamos no ano de 2015, onde mais um capítulo dessa história suja ocorreu. No mês de maio o FBI comandou uma operação que prendeu 14 membros de dirigentes da FIFA na Suiça. Veio a tona que a federação estava sendo investigada por corrupção a mais de 20 anos pela polícia americana, e o ápice da investigação ocorreu justamente no escândalo de propinas distribuídas para a escolha do Catar como sede a copa.
Esse contexto nos trás à 2021. Nada aconteceu durante as investigações do esquema de corrupção comandado pela FIFA e as escolhas de países sedes da copa transcorreram como o planejado. Apesar de conseguirem abafar todos os escândalos que se envolveram no decorrer dos anos, novas polêmicas surgiram.
O jornal americano _The Guardian_ publicou em fevereiro uma matéria investigativa onde afirma que cerca 6500 imigrantes morreram durante as obras de acomodação da Copa no Catar. Esses operários trabalhavam em condições desumanas, sem pausa para descanso e majoritariamente sem pagamentos. As afirmações foram confirmadas indiretamente nas redes sociais por turistas que presenciaram as construções que duravam até a madrugada.
Mais uma vez o Catar negou todas as acusações e ainda recebeu o apoio da FIFA, onde ambos disseram que as obras da copa serviram de oportunidade para geração de empregos.
Agora em nossa jornada chegamos a 2022, nos dias atuais. E tem mais polêmica para os Catarenses.
A legislação do país árabe é fundamentada pela _Sharia_, conjunto de leis que considera o _Alcorão_ como base suprema da sociedade islâmica. Essas leis são consideradas retrógradas e ferem direitos humanos básicos que deveriam ser garantidos por todo o mundo. Exemplo disso é a criminalização e perseguição á homossexuais e controle absoluto da população feminina. Como já era de se esperar, agora que o país recebe os olhares atentos de todo o mundo, discussões estão sendo levantadas nas redes sociais sobre a forma como esse pequeno país conduz a sua sociedade. Turistas ocidentais que estão em solos Catarenses para a Copa do Mundo estão desconfortáveis com a enorme lista de restrições que são obrigados a cumprirem e temem sofrer penalidades por coisas consideradas normais em seus países de origem. A FIFA garantiu a segurança e o direito individual de todas as pessoas que pisarem no país, porém pediu moderação e respeito aos costumes locais. A declaração soa contraditória considerando os rumores de retaliação por parte da federação para equipes de jogadores que se manifestassem durante as partidas, seja em gestos ou na vestimenta.
Após essa série de escândalos e polêmicas, podemos afirmar que a Copa do Mundo 2022 é a mais polêmica nos 92 anos de realização do evento, e esse país que é 5 vezes menor em população que a cidade de São Paulo têm muitos segredos a esconder.
